14 de janeiro de 2010

Pré-sal no dos outros é colírio

Há três meses atrás, o Presidente Lula acampou por uma semana em Copenhaguem no esforço de convencer os membros do Comitê Olímpico Intrernacional a escolherem a Cidade do Rio de Janeiro para sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. O Governo gastou cerca de 100 milhões na campanha vitoriosa. Durante os dias que antecederam a escolha, os veículos de comunicação não economizaram imagens de brasileiros espalhados pelos mais diferentes estados mobilizados pelo desejo da vitória do Rio de Janeiro.
Estima-se que os Jogos custarão mais de 25 bilhões, boa parte dos quais serão custeados pelos diferentes governos, especialmente o Governo Federal. Foi assim nos Jogos Panamericanos de 2007. Dinheiro que sairá dos impostos de brasileiros que moram e trabalham espalhados por todo o país. O Rio de Janeiro – na verdade a Barra da Tijuca e os demais bairros que receberão os jogos – serão os grandes beneficiários destes investimentos, assim como o foram do esforço do Presidente do país.
Não consigo deixar de pensar nestes fatos quando vejo o Governador Sérgio Cabral vociferando que estão “roubando o Rio” por causa das propostas de repartição dos royalties do pré-Sal que beneficiarão um pouco mais os estados não produtores. Por que o país todo deve defender os interesses do Rio de Janeiro quando se trata de beneficiar o nosso Estado e quando se trata das riquezas que também são do Rio de Janeiro não temos a generosidade com os mais pobres?
Justiça seja feita, Sérgio Cabral não está sozinho em sua cruzada. Tem a companhia de José Serra e de Paulo Hartung, este último Governador do Espírito Santo. Por que o Estado mais rico da Federação não é capaz de abrir mão de parte da riqueza que acumulou pelas benesses que a Federação – o país inteiro, portanto - lhe concedeu para beneficiar os estados mais pobres?
Enquanto leio um texto de Rainer-Olaf Schultze, um estudioso do federalismo alemão, não consigo deixar de pensar como olhamos com desprezo para o resto do país. Schultze mostra como naquele país, movidos por um princípio de cooperação, os diferentes estados redistribuem a riqueza no esforço de assegurar a “uniformidade das condições de vida” da população de todo o país.

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