14 de janeiro de 2010

O cinismo da Light não nos espanta

Os jornais e TVs noticiaram fartamente a falta de luz na Zona Sul. Noticiaram também as declarações de um diretor da Light que se apressou em dizer que o acontecido ganhou repercussão porque se tratam de consumidores mais abastados, que fazem mais barulho. Pareceu a muitos, inclusive aos veículos de comunicação, que ele havia falado uma grande bobagem.
Há cerca de cinco anos, andando e conversando com amigos que trabalhavam com a população de Tinguá, em Nova Iguaçu, descobri que eles não tinham água. Cheguei a ir a uma escola em Jardim Montevidéu onde a qualidade da água era sofrível e a comunidade andava cerca de 2 quilômetros para pegar água para beber. Mas da Reserva de Tinguá, uma adutora da CEDAE leva água diretamente para a Zona Sul do Rio de Janeiro. Os moradores daquela Região roubam água fazendo furos na tubulação da Companhia de águas. Nunca li nos jornais ou vi no noticiário de TV qualquer referência ao fato.
Na campanha eleitoral para Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, em 2008, o então candidato Fernando Gabeira manifestou estranheza pelas condições em que viajam os passageiros do metrô que utilizam a Linha 2 que, atualmente liga a Pavuna à Estação do Estácio. Na ocasião, escrevi no portal SOBRETUDO que eu estranhava é que um deputado federal de tantos mandatos desconhecesse o fato de que além do metrô, o conjunto de serviços públicos para os moradores da periferia sejam mais precários.
Durante meia dúzia de verões, próximo à minha casa, em Comendador Soares, convivemos com problemas de fornecimento, pois o transformador não suportava a sobrecarga. Muitos moradores colocaram a vida em risco usando varas de bambu para religar o transformador depois de esperarmos horas pelos carros de reparo da Light. Só após reclamações à ANEEL é que conseguimos que o problema fosse solucionado. Nunca nenhum jornal noticiou o fato.
Uma vez enviei uma reclamação ao Jornal O Globo porque as edições que eram vendidas na banca próxima de minha casa vinham sem alguns dos cadernos do Jornal. A resposta que recebi foi um achincalhe: me informaram que fizeram uma pesquisa com os consumidores e descobriram que, em algumas Regiões do Estado, os leitores não liam alguns dos cadernos e, por isso, os tiraram. Estranho que continuavam anunciando que estavam entregando o que eu pagava.
O absurdo das declarações do diretor da Light só não é compreendido por quem é mais cínico que ele.

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