9 de novembro de 2009

A atitude empresarial é a complacência com quem paga mensalidade

O jornal deste domingo, dia 8 de novembro, noticia que uma Universidade de São Paulo publicou anúncio nos jornais informando que expulsou a aluna Geysi Arruda, que trajando um vestido curto, foi hostilizada por algumas centenas de alunos(as) e saiu do campus sob proteção policial.

Não conheço os alunos e seus motivos e não faço qualquer questão de conhecê-los. O que eles têm a me ensinar eu aprendo me divertindo nas arquibancadas dos estádios de futebol. Não conheço a universidade e, se precisar trabalhar nela para comprar comida, prefiro mudar de profissão e pedir ajuda aos meus muitos amigos.

Mas à alegação da universidade de que expulsou a aluna “em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade” me ocorrem três imagens:

A primeira é uma interrogação. Se ao contrário de uma moça da periferia e funcionária de supermercado, fosse a filha de um abastado empresário de São Bernardo do Campo, a direção da universidade a teria expulsado da mesma forma?

A segunda imagem á a dos gerentes de um supermercado proibindo a entrada em suas dependências de um homossexual ou de um negro ou de um deficiente mental por estarem perturbando a tranquilidade de seus demais clientes indignados com companhia tão “indesejável”. As motivações são as mesmas e a proteção aos negócios em detrimento dos direitos da pessoa humana seriam óbvias.
A terceira e última são os alunos da mesma universidade, defensores da moral e dos bons costumes, viajando de metrô para uma aula de campo na Praça da Sé, expulsando das dependências do trem uma garota que, vestida num micro-short destes tão comuns nas ruas do Brasil, por estarem incomodados com a ofensa da presença dela. Se eles podem na universidade que os dá guarida, por que não poderiam em outro lugar sob a proteção e o silêncio da sociedade?

Se os policiais que retiraram a aluna da universidade não a indiciaram por atentado ao pudor, quem são os donos dela para condenarem a roupa e os gestos dela?

A decisão da universidade teve uma motivação. Pela repercussão dos fatos precisava tomar uma atitude. Se agisse contra os alunos que hostilizaram a aluna perderia algumas dezenas deles que se sentiriam ofendidos como acontece com tantos jovens que ouvem um NÃO de seus pais. Expulsar a aluna era a decisão mais econômica.

Serei chamado de intransigente. Prefiro a intransigência. Deixo o cinismo para a universidade.

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